4º Antologia Poética da ALAF
ADALBERTO SCARDELAI
AIRTON SOUZA
Amélia Luz
ANGELA GUERRA
ANNA ELIZANDRA
ANA STOPPA
ANDRÉ L. SOARES
André Luís Soares nasceu em Brasília, em outubro 1964. criou-se no Rio de Janeiro. Estudou Ciências Econômicas e se tornou consultor independente. Hoje vivem em Guarapari (ES). Em nível amador é também escritor, roteirista de teatro e fotógrafo. Em 2004 escreveu e montou a peça de teatro ‘Livre Negociação’. Em 2011 lançou seu primeiro livro ‘Gritos Verticais’.
Arlete Trentini
ARTHUR LUZ AMARAL
BENEDITO CÉSAR
Carla Curci
Carla Curci, gaúcha, de Porto Alegre/RS, cursou Letras na FAPA, neta do artista plástico gaúcho Pedro Paulo Curci, atualmente residente em Curitiba/PR, bancária, tem participação com um poema, no livro Âmago - Antologia de Poemas - Editora Regência, um poema no livro Poetas da Confraria - Antologia de Poemas - Sapere Editora, um conto, no livro Tratado Secreto de Magia - Volume 2 - Andross Editora - um conto, na coletânea Portas para o Além - Literarte.
CARLOS HENRIQUE P. MAIA
CARLOS PEDRO
CECY BARBOSA CAMPOS
CLÁUDIA SCHIAVONE
Conceição Santos
CRISTIANO SOUSA
DANIEL LOPES DE OLIVEIRA
DEISE FORMENTIN
DEUCÉLIA MACIE
DIANA BALIS LEMOS
DINORÁ COUTO
DOUGLAS MATEUS MELLO
E. CAMPEL
EBER JOSUÉ
EDILDE CÂNDIDO
Edivânio Leite
ELISABETH WEINZIRL
ELOI ANGELOS GHIO
ESTHER ROGESSI
FÁBIO RENATO VILELA
FLÁVIA ASSAIFE
GERALDO PORTAL VEIGA
GERALDO SANT'ANNA
GILBERTO FELICIANO
GISLAINE LIMA
GUSTAVO DE ARAÚJO SOUZA
HELLADIO HOLANDA
Igor Collaro
ILDA BRASIL
ISABEL C. S. VARGAS
ISAEL COSTA DE SOUZA
Isis Berlinck Renault
J. AFONSO
J. C. Bridon
JANAÍNA CRUZ
JANES BARWINSKI
JANICE FRANÇA
JORGE NASCIMENTO
JOSANE MARY
JOSÉ ANTÔNIO LISBOA
JOSÉ JOÃO DA CRUZ
KÊNIA BASTOS
LEANDRO MEDEIROS
LORENE PATIGRA
Luciene Passos Pires
LUCINHA LIMA
LUIZ POETA
MA SOCORRO DE SOUSA
MANOEL TEIXEIRA
Marcus Rios
Maria de Fátima CoelhoMaria de Fátima Coelho
Maria José Zanini Tauil
MARIA MAGALI DE O. MONTEIRO
MAYRA DINIZ
MILTON JOSÉ PANTALEÃO
NÁDIA SANTOS
NATÂNI DA SILVA
NELSI EMÍLIA STOCKER
NERE BELADONA
NERI BOCCHESE
NIVEA SABINO
ODYLA PAIVA
OLIVEIRA CARUSO
PAOLA RHODEN
PAULO ARAÚJO
PAULO NEGREIROS
Rachel Levkovits
RAIMUNDA D'LAVOR
ROBERTO FERRARI
ROGÉRIO ARAÚJO
ROSELI HÜBLER
SANDRA BERG
SÉRGIO RODRIGUES
SHEILA KUNO
VAGNER THIAGO XAVIER
VALQUIRIA IMPERIANO
Nasceu em João Pessoa, Paraíba é naturalizada Suiça país onde mora desde 1997.Formada em Letras na Universidade de Mandaguari Paraná. Na Universidade Federal de Santa Catarina fez aperfeiçoamento de redação e estruturação da lingua portuguesa, reingressou na faculdade de letras francês na UFSC, Curso de francês no Ifage em Genebra, cursou Inglês na Cultura Inglesa. Cursos artisticos no Brasil: corte e costura, pintura em porcelana, fotografia, escultura em pedra, modelage com argila, desenho acadêmico.
VANYR CARLLA
UMA PEQUENA COMUNIDADE
Ao cair a noite, apesar da festa junina, imperava a calmaria. Sobre o reflexo da iluminação parecia que víamos neve sendo vagarosamente tocada pelo vento quase adormecido. Tudo isso anunciava a chegada do quentão, do licor e do amendoim.
Ao chegar à pracinha do centro, como nos velhos e bons tempos, deparei com um casal que conversava longamente, mesmo sem querer me aproximar, não consegui evitar que os meus ouvidos captassem algumas palavras. Fingindo não observar decidi dar uma volta no entorno daquele espaço, me sentando logo depois ali bem próximo. Tão logo passou alguns instantes, meio sem jeito me aproximei e os cumprimentei:
− Boa noite, como está frio hoje não?
E aquele senhor respondeu:
− Sim está bastante frio, meu nome é Wesley, e esta é minha esposa, senhora Mary.
Aproximei-me, peguei na sua mão e disse:
− Muito prazer, eu me chamo Orlandino, às suas ordens.
A mulher virou o rosto para o outro lado. Daí então fingindo não haver observado cruzei os braços e perguntei:
− Vocês estão gostando da cidade?
Respondeu a senhora Mary:
− A cidade até que não é das piores, apesar da rusticidade e má conservação. A população daqui parece rudimentar, as suas vestes, as suas expressões em nada as diferencia dos desalinhados tupiniquins, como no século XVI, quando do descobrimento do Brasil. Talvez esta cidade precise de cultura para o seu desenvolvimento, já que parece uma população muito apática, enfatizou D. Mary.
Ao ficar observando comecei a entender a personalidade daquela visitante. Direcionei a ela uma pergunta:
− Senhora Mary, o que faria por esse povo se tivesse que ajudá-los?
Com um riso de desprezo ela me olhou meio de lado e respondeu:
− Olha, jovem, como início eu traria os garis da minha cidade, eles poderiam dar uma palestra educacional e cultural.
Foi quando o senhor Wesley interrompeu dizendo:
− Meu bem, como pode ser tão radical, egoísta, preconceituosa e dissimulada? Somos pessoas civilizadas e esta comunidade, acredito, seja composta por gente que pode até ser simples, mas são seres humanos, não podem ser tratados de tal forma.
Com estas palavras eu entrei no assunto:
− Senhora Mary, já que citou o século XVI, hoje já não temos aqui padres jesuítas, mas seguimos os seus ensinamentos, cuidamos de suas edificações e as transformamos em monumentos históricos e patrimônio da humanidade. Aqui não temos alguém semelhante a Pedro Álvares Cabral, mas conhecemos e respeitamos a sua história, e a guardamos com muito carinho. Aqui não temos Pero Vaz de Caminha, entre tantos outros, mas temos homens ilustres e uma legião de seguidores. Também temos respeito por nossa comunidade e, simultaneamente, por visitantes. Somos uma pequena partícula entre outras e juntas formamos um grande núcleo. Trancoso é um lugar de raras belezas, aqui convivemos com pessoas dos quatro cantos do mundo, de várias etnias, culturas, religiões, costumes e classes sociais. Como podem observar, não há mendigos nas vias públicas, aqui não há moradores de rua, também não há famílias morrendo de fome.
Lembro-me a musica We Are the World, uma frase cantada em um momento de grande inspiração por Michael Jackson, e diante de tanta miscigenação podemos dizer: Nos Somos o Mundo, O Brasil é um pais ainda criança.
Continuei olhando para o casal e fiz uma segunda pergunta:
− Senhora Mary e senhor e Wesley, na sua cidade existem apenas banqueiros ou ainda há homens sem profissão? Na sua cidade só existem Cientistas ou também existem ladrões?
Com um gesto demonstrativo na tentativa de minimizar a situação a senhora Mary abriu um riso tímido, revelando desconcerto, e disse:
− Senhor, não foi minha intenção, por favor, não se sinta ofendido, talvez eu tenha me expressado mal. Por isso apresento as minhas desculpas, gostaria de convidá-lo para que nos acompanhassem em um drink.
Respondi:
− Senhora Mary, não precisa se desculpar. Estou lisonjeado com o seu convite, mas não será possível, tenho outros compromissos, e daqui a poucos minutos estarei com a minha comunidade: gente simples que reconhece os verdadeiros valores, e sabe que nem sempre se pode viver de aparências. Aliás, é natural que as aparências causem enganos. Tenham uma boa noite, espero que tornem a visitar esta humilde, rústica e pacata cidade.
Neste momento recoloquei o chapéu de palha na cabeça. Fui até a barraca mais próxima comi a minha canjica, uma autêntica iguaria baiana com sabor de quadrilha, e fui andando.
Autor: Isael Costa.
A HISTÓRIA DE JUQUINHA
Juquinha era um garoto triste, calado, tímido e muito infeliz, nascido em uma família extremamente carente, muitas vezes faltava até um pedaçinho de pão para se alimentar. Morava com sua família em uma casinha de pau a pique, coberta de taubilhas, dividida com paredes de barro e sustentada por piso de terra batida. Dormiam todos em camas feitas com forquilhas de madeira roliça, com lastros de vara de coco patí. Quando chovia não ficava um só canto da pequena casa onde pudessem refugiar-se. Os cobertores eram de sacos de alinhagem, os colchões eram couro de boi, as vestes eram feitas com panos de sacos de açúcar, e em todos os invernos no fogo de lenha, em que cozinhavam os alimentos nas pequenas panelas de barro, eram feitas coivaras no meio da pequena cozinha que também servia como sala, e então todos se sentavam em volta desta coivara, ali aqueciam insaciavelmente em sistema rotativo frente verso, frente verso etc. E embora vivessem na mais completa e absoluta miséria eram pessoas respeitosas, bem como responsáveis e de bom caráter.
Em um dia de lua cheia, Juquinha resolveu fugir do convívio dos seus pais, mas por ser tão tímido e não saber lidar com as coisas adversas da vida acabou criando um novo problema para si mesmo. Atento ao convívio de outras pessoas, descobriu que aquela vida completamente miserável não era exatamente o que o contemplava e mesmo sem saber o que fazer, pensou que poderia mudar seu destino. Seu primeiro passo foi aprender a conhecer as horas em um relógio de pulso, desvendando ali o segredo dos ponteiros, experiência jamais vivenciada por não haver relógio na sua humilde casa. Foi aí que Juquinha saiu da casa dos seus pais para tentar suprir as necessidades básicas das quais sentia faltava na sua vida. Fugiu para longe. Porém logo seu pai, o senhor Gustavo, se pôs a procurá-lo e em seguida o trouxe de volta para casa. Juquinha então começou a ficar deprimido e buscou no trabalho uma forma de ocultar os seus problemas. Chegou a fazer capinagem em roça de mandioca, trabalhou em plantio de feijão, plantio de arroz, entre outros. Até que aos oito anos de idade resolveu, definitivamente, que sairia de uma vez por todas da casa dos seus pais, e assim o fez, muito embora levasse uma profunda dor no peito, por estar se afastando da sua família, deixando para trás o amor dos pais e irmãos, porém, sem ter o que pensar ele decidiu que seria a sua melhor opção, e em seguida saiu mundo a fora.
Anos depois, finalmente, Juquinha descobriu que mesmo distante de sua família, a vida continuava com poucas mudanças e que algo ainda precisaria então ser feito para mudar. Passou então a trabalhar nas fazendas cacaueiras, e por fim, vendo que não estava ali a sua verdadeira vocação, resolveu então partir em busca de alternativas. O seu destino o levou à cidade grande na tentativa de realizar o seu sonho. Juquinha sempre sonhou com melhores condições de vida. E lá chegando se deparou com os novos desafios, porém o desejo de mudanças era maior, ali ele sentiu algo que mostrava claramente boas possibilidades de grandes mudanças, e para melhor, é claro. O que aconteceu não foi exatamente o esperado. Assim sendo, Juquinha casou-se, e deste primeiro casamento nasceu um casal de filhos. Foi a partir de então que Juquinha começou ver a sua vida pior que nos tempos de extrema pobreza. Como sabemos, Juquinha nasceu em uma comunidade muito carente, e para amenizar o seu sofrimento o máximo que pôde fazer foi a sua separação. Agora voltava às origens, onde tudo recomeçaria.
No seu retorno trouxe consigo não apenas duas vidas a mais, veio a responsabilidade de criar e educar estas duas crianças. O que Juquinha não contava era com a rebeldia dos seus dois filhos. Ele se propôs a dedicar todos os seus esforços para mantê-los do seu lado, dando-lhes uma boa educação. Os anos foram passando e hoje Juquinha, já cansado e com a idade avançada, continua trabalhando e buscando melhorias, porém poucas foram as mudanças na vida de Juquinha. Hoje ele não precisa mais trabalhar em todos aqueles serviços mencionados. Juquinha tem hoje uma humilde casa, um humilde trabalho e mais três filhos, entre eles havia uma pequena e linda garotinha, que sabiamente Cristo levou para perto de si antes que ela cometesse o primeiro pecado.
Juquinha leva uma vida corrida, mas já não carrega aquele peso do sofrimento de quando criança. Apesar de tudo, hoje há novos sonhos a serem realizados, muito embora, ao invés da dor dentro do peito, quando pela primeira vez precisou sair da casa dos seus pais. Hoje com um profundo vazio no coração, pela perda daqueles que lhe concederam a vida, daqueles que mesmo sendo da mais humilde classe social ensinaram-lhe a ter respeito e dignidade, além da disposição para vencer os grandes desafios da vida.
A história do personagem Juquinha tem caráter fictício, qualquer nome ou pseudônimo que coincida será fruto do acaso.
Lembramos os queridos leitores que muito em breve teremos a continuação de Juquinha e sua história de vida. Aguardem nova edição.
Autor: Isael Costa.
ESTE CONTO FOI EDITADO E LANÇADO NA CÂMARA MUNICIPAL DE LISBÔA, DIA 23 DE DEZEMBRO DE 2011, 1º EDIÇÃO COLETÂNEA DO LIVRO "NOVOS CONTOS DE NATAL", e conta com participação de dois Brasileiros. "NOVOS CONTOS DE NATAL, PORTUGAL - PT"